quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tentação


Sempre me chamou a atenção a interpretação do trecho evangélico que se refere à tentação de Jesus. E sabe por quê? O significado da palavra tentação é: (...) disposição de ânimo para a prática de coisas diferentes ou censuráveis (Dicionário Novo Aurélio Século XXI). Então, como entender que Jesus tenha sido tentado?
O espírito Emmanuel, no livro A Caminho da Luz,  refere-se a Cristo como membro divino  de uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo. Essa informação por si só bastaria para solapar a tentativa de qualquer agente das trevas, ainda que dotado de uma inteligência e poder incomuns, de oferecer algo de que o Divino Mensageiro já não fosse dono e senhor.
Alguns objetarão que o Senhor se fez homem, aqui no planeta, com as limitações e necessidades comuns aos homens vulgares a fim de que a lição fosse mais bem assimilada; para que as criaturas observassem seu exemplo e se sentissem capazes e/ou estimuladas a fazerem o mesmo, copiando-lhe os exemplos.
Que o Divino Amigo tenha se utilizado de um corpo com as mesmas características que o corpo do homem comum é questionável para alguns. No meu entender não é passível de dúvidas, conquanto  o espírito a vitalizar aquele corpo, sendo de uma envergadura inexprimível para nós outros, fazia toda a diferença. Para clarear a ideia diremos que o corpo físico era semelhante ao nosso, mas direcionado por um espírito superior.
Entendo que as situações pelas quais Jesus passou de forma alguma podem ser consideradas como provas, mas sim como exemplo de quem também foi criado simples e ignorante e conquistou com esforço próprio – em linha reta – o mais alto nível  de evolução que nós podemos imaginar . Sendo modelo e guia da humanidade, nenhum outro se lhe assemelha em estatura moral.
Imaginar que Jesus tenha cogitado de poderes temporais, tenha desejado acelerar a marcha do progresso moral dos homens violentando consciências insipientes, tenha se sentido abandonado ou amedrontado em qualquer situação é olvidar ou ignorar que esse espírito participou ativamente da formação do planeta, há aproximadamente 5 bilhões de anos, e que é considerado governador planetário, ou seja, seus interesses estão muito além de tudo que podemos supor.
Alguns arquearão as sobrancelhas ao lerem estas informações. Podemos, então, fazer uma comparação entre Jesus e Estevão, um dos primeiros mártires do cristianismo nascente. Quando lapidado por ordem de Saulo de Tarso, na agonia do desenlace físico, pede a Jesus, que vem em seu socorro, que não imputasse mais um erro àquele que ficaria conhecido como “Convertido de Damasco”. Seria Estêvão um espírito superior ao Cristo? Muitos outros espíritos que se reencarnaram no planeta Terra passaram por grandes testemunhos sem murmurar. Teriam sido criaturas dotadas de mais fortaleza moral que Jesus?
Sim, Jesus passou por muitas situações difíceis, do nosso ponto de vista, unicamente para nos ensinar que também podemos triunfar das inúmeras tentações que nos espreitam os passos.
Medo, inconformação, dúvida, desânimo, não constam do perfil desse Mensageiro de Deus.
Por fim, direi apenas que raciocinando sobre essas e outras passagens do Evangelho chego à conclusão que da mesma forma como o professor universitário não renuncia a tudo o que aprendeu – ou seja, não se faz criança novamente - para ensinar as primeiras letras às crianças das séries iniciais, procurando traduzir seu conhecimento em linguagem acessível aos infantes, Jesus, o irmão maior, não se fez espiritualmente homem para trazer palavras de vida eterna e exemplos imorredouros. A roupa de carne estava de acordo com a matéria do orbe, mas o espírito se manteve inalterável, pois que veio do futuro em toda a sua glória.
Muita paz!
Rita Mercês Minghin  

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