Alguns sinais de intolerância:
Acreditar
que,
todas as nossas crenças são
verdadeiras;
·
podemos mudar as pessoas;
·
temos o controle de tudo e de
todos;
·
reunimos condições para salvar o
mundo;
·
é sempre aceitável a imposição de
nossos pontos de vista;
·
o outro é perfeito e, como tal,
não pode falhar.
Esses itens não esgotam o padrão de
comportamento da pessoa intolerante,
mas evidenciam algumas de suas características.
Claro é que nesse comportamento há mais
conflito e ausência de autoconhecimento do que o desejo de prejudicar ou
subjugar.
É sinal de intolerância, expresso de
variada forma, a incapacidade de conviver bem com as pessoas como se nos
apresentam, com suas idiossincrasias. Inclui-se aqui também a dificuldade de
aceitar determinadas situações que não podem ser modificadas, momentaneamente
ou não.
Tentando ajustar o que o outro é às
próprias vontades e/ou necessidades, corrompemos-lhe a identidade,
inviabilizando assim relações saudáveis e verdadeiras.
Oportunamente, lembramos a personagem
mítica, Procusto.
Procusto
era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, havia
uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho. Convidava todos os viajantes a
se deitarem nela. Se os hóspedes fossem demasiado altos, ele amputava o excesso
de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram
esticados até atingirem o comprimento suficiente. Uma vítima nunca se ajustava
exatamente ao tamanho da cama porque Procusto, secretamente, tinha duas camas
de tamanhos diferentes.¹
Assim,
de forma análoga à da personagem mitológica, tentamos enquadrar as pessoas em
nossas expectativas. Se a conversão não acontece sobrevêm a frustração, a raiva
e por fim o distanciamento.
Sinaliza-se, assim, que nossos processos afetivos padecem de falta de
amadurecimento. Por isso existe tanto sofrimento e tanta luta inglória nos
movimentos em busca da alegria nas relações, sejam elas entre namorados,
cônjuges, pais e filhos, amigos, companheiros de trabalho etc.
Será
que sofremos a síndrome de Procusto? Temos esticado ou cortado muita gente? A
métrica tem sido nossa prioridade ou já
valorizamos e respeitamos as diferenças?
Procusto deve ter sido tão solitário... E quantos de nós temos olhado ao
redor sentindo a ausência de pessoas tão queridas, que afastamos de nosso
convívio deliberadamente.
Jesus
sinalizou: Meus discípulos serão
conhecidos por muito se amarem.²
Ah,
quão longe nos encontramos da fraternidade proposta pelo Cristo! Quanto receio
de abrir mão de pontos de vista... Quantas guerras declaradas a pretexto de nos
protegermos!
Recorramos
à orientação de Agostinho³ buscando o autoconhecimento e, assim, abandonaremos
em definitivo as duas camas de ferro (o fardo pesado) que insistimos em
carregar: a intolerância.
Rita Mercês Minghin
¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Procusto
² João, 13:35
³ Questão 919 de O Livro dos Espíritos, Allan
Kardec
Nenhum comentário:
Postar um comentário