sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

NOVOS ARTIGOS





Procusto

     Alguns sinais de intolerância:
     Acreditar que
·        todas as nossas crenças são verdadeiras;
·        podemos mudar as pessoas;
·        temos o controle de tudo e de todos;
·        reunimos condições para salvar o mundo;
·        é sempre aceitável a imposição de nossos pontos de vista;
·        o outro é perfeito e, como tal, não pode falhar.
     Esses itens não esgotam o padrão de comportamento da pessoa intolerante, mas evidenciam algumas de suas características.
     Claro é que nesse comportamento há mais conflito e ausência de autoconhecimento do que o desejo de prejudicar ou subjugar.
     É sinal de intolerância, expresso de variada forma, a incapacidade de conviver bem com as pessoas como se nos apresentam, com suas idiossincrasias. Inclui-se aqui também a dificuldade de aceitar determinadas situações que não podem ser modificadas, momentaneamente ou não.
     Tentando ajustar o que o outro é às próprias vontades e/ou necessidades, corrompemos-lhe a identidade, inviabilizando assim relações saudáveis e verdadeiras.  
     Oportunamente, lembramos a personagem mítica, Procusto.
     Procusto era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, havia uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho. Convidava todos os viajantes a se deitarem nela. Se os hóspedes fossem demasiado altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque Procusto, secretamente, tinha duas camas de tamanhos diferentes.¹
     Assim, de forma análoga à da personagem mitológica, tentamos enquadrar as pessoas em nossas expectativas. Se a conversão não acontece sobrevêm a frustração, a raiva e por fim o distanciamento.
     Sinaliza-se, assim, que nossos processos afetivos padecem de falta de amadurecimento. Por isso existe tanto sofrimento e tanta luta inglória nos movimentos em busca da alegria nas relações, sejam elas entre namorados, cônjuges, pais e filhos, amigos, companheiros de trabalho etc.          
     Será que sofremos a síndrome de Procusto? Temos esticado ou cortado muita gente? A métrica tem sido nossa prioridade ou já  valorizamos e respeitamos as diferenças?
     Procusto deve ter sido tão solitário... E quantos de nós temos olhado ao redor sentindo a ausência de pessoas tão queridas, que afastamos de nosso convívio deliberadamente.
     Jesus sinalizou: Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem
     Ah, quão longe nos encontramos da fraternidade proposta pelo Cristo! Quanto receio de abrir mão de pontos de vista... Quantas guerras declaradas a pretexto de nos protegermos!
     Recorramos à orientação de Agostinho³ buscando o autoconhecimento e, assim, abandonaremos em definitivo as duas camas de ferro (o fardo pesado) que insistimos em carregar: a intolerância.
CE Discípulos de Jesus
Rita Mercês Minghin

¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Procusto
² João, 13:35
³ Questão 919 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec








 


A Arte da Contabilidade Divina

  Prezado leitor, o que você entende por “colocar o Evangelho em prática ?” Será que já meditamos sobre essa questão? Será que estamos falando muito, estudando bastante, prescrevendo ainda mais? Mas e a  prática? Se fizermos uma contabilidade de nossas ações, não digo um balanço de nossas atividades junto às nossas casas espíritas ou em qualquer outro agrupamento, não! Eu falo, meus queridos amigos, e é óbvio que aqui me incluo do bom direcionamento dos nossos sentimentos e das nossas emoções.
     E, nesse momento, quero recordar aos leitores o que diz Santo Agostinho, na questão 919, em O Livro dos Espíritos, que sem dúvida é uma das principais questões, que  trata da educação dos sentimentos. É uma verdadeira cartilha de como exercitar o nosso controle, no trato com as pessoas, com a sociedade e  com nós mesmos.
     Aliás, este relato, é a própria experiência desse Espírito de escol, um dos Espíritos da falange do Espírito da Verdade.
     Pois bem, ele fazia um balanço diário dos acontecimentos do dia e, assim, contabilizava o que fez de bom e naturalmente o que fez de errado e ainda o que havia deixado de fazer. Tudo isso visando ao próximo, mas antes de tudo a ele mesmo, seguindo assim a máxima do Cristo: “Amar o próximo, como a si mesmo.”
     Alguém pode objetar que agindo dessa forma, estaríamos sendo egoístas. Mas, amigo leitor, é Jesus quem garante: Se não nos amarmos, como iremos amar o nosso próximo? Quem poderá gostar de alguém, se em primeiro plano não se gosta?
Continuando. Santo Agostinho também nos lembra, nesta mesma questão, o que disse Sócrates: “conhece-te a ti mesmo”. E, como parte desse exercício de sentimento, ainda recomenda que consideremos a opinião dos nossos adversários, porque não têm nenhuma intenção de esconder algo negativo que veem em nós, diferentemente dos amigos, que muitas vezes não nos apontam o erro com receio de nos ofender.
     Amigo leitor, o que você pensa sobre isso? É difícil praticar o exercício do autoconhecimento?  É temerário chegar a alguma conclusão que vai nos forçar a mudanças de paradigmas?
     Será que estamos trabalhando a nossa oficina de sentimentos de forma plena, segura? Estamos exercitando o nosso psiquismo de uma forma sincera para conosco? Digo isso, meus amigos, isentando-nos da culpa que destrói, de forma responsável, registrando aquilo que já podemos mudar ou transformar em aquisições positivas. Não sendo isso possível, será que estamos sabendo  domar as nossas más tendências, não permitindo acarretar com isso compromissos dolorosos ou dificultosos para o nosso amanhã?
     É necessário reconhecer que temos um repositório de ensinamentos, através da doutrina espírita, doutrina de amor, de esperança, e que  objetiva libertar consciências, ajudando-nos sobremaneira a alcançar a evolução, lenta e gradualmente é bem verdade, mas de forma eficaz e segura, conforme sigamos seus postulados.
     Portanto, amigo e irmão leitor, sobeja à teoria: além dos livros da codificação, milhares de obras de excelente teor, palestras, aulas, vídeos, seminários, filmes, dvds, cds, eventos, tais sejam: Humanizar, Entremédiuns.
     Mas e a chamada “prática diária?”
     Ah, sim! Querido leitor, essa depende somente de nós!
     Tempo, exercício e prática... Na contabilidade, é o capital individual, não é capital societário... esse sim é o nosso capital cuja aplicação vai nos dar como resultado, DÉFICIT OU SUPERÁVIT. Sabe por quê? Porque essa contabilidade é Divina!
     Está nas Leis Naturais: Causa e efeito.
     Quanto mais capital, mais é solicitada a sua parte na formação do patrimônio.
     Meus queridos, esta partida contábil não falha. Não tem caixa dois. Não tem o chamado “jeitinho” para acertar as contas. Não tem desvios financeiros. Não tem valores a fundo perdidos.
     Tem somente resultados que poderão ser: prejuízo ou lucro.


     Esta contabilidade é cristalina, não apresenta diferenças em suas contas. É justa. Deu lucro? Ótimo. É sinal que esta empresa (nós) está aplicando no mercado (dos sentimentos) muito bem.
     Deu prejuízo? Pena. Mas o Governo de nossas ações (DEUS) nos oferece a chance de refazer essas aplicações, é claro, como já aplicamos de forma indevida, certamente teremos  agora que refazer esse balanço com juros e atualizações monetárias (que são as dificuldades do caminho evolutivo).
     Sendo assim, não nos esqueçamos: a Empresa é nossa e, portanto, somos os responsáveis pelos seus investimentos e consecutivamente, pelos resultados.
     Vamos refletir sobre isso?

     Antonio Tadeu Minghin
     

Ciência x Religião

     Precisamente no século XXI, assistimos ainda a enfadonhos embates cujo tema é ciência x  religião. Vezes sem conta, ouvimos dizer que a aliança entre  ambas  é impossível.
     Tentaremos, ainda que de forma sucinta, levantar algumas questões que nos possibilitem raciocinar com maior clareza sobre assunto já tão comentado e ainda tão incompreendido.
     É essencial levarmos em consideração que o mundo acadêmico e o mundo religioso são compostos de seres humanos, humanos demais... Isso posto, não será necessário frisarmos a fragilidade das ponderações de ambos os lados, principalmente quando se adota a política de advogar em causa própria no abuso dos conflitos dos quais padecemos a maioria das criaturas.
     Assim,  entende-se que a cada época da jornada humana,  novos valores e novas crenças vão ocupando espaço, diluindo antigas concepções e cedendo lugar a ideias mais bem elaboradas, apoiadas no empirismo e no labor científico.
     Frequentemente, a religião é condenada por ‘manipular e alienar mentes’, num claro atentado ao bom senso dos que a procuram sem abdicar do uso de suas faculdades inteligentes.
     No entanto é preciso considerar que na história das civilizações, vezes sem conta, religiosos investidos de um poder temporal abusaram incrivelmente de consciências infantis, ou seja, de criaturas excessivamente crédulas, ingênuas, que se deixaram manipular. Produziram-se, em escala inimaginável, as mais sangrentas e odiosas guerras em nome do Pai.
     O horror dessas guerras está de tal forma impresso no subconsciente de muitas criaturas, que estas repudiam, ainda hoje, toda e qualquer ideia acerca de  Deus. Vale observar que encontraremos também nesse rol os religiosos falidos de outros tempos, não apenas aqueles que lhes sofreram a sanha.
     Há, ainda, os que fanatizados pela crença que professam temem a ciência! São criaturas que fragilizadas preferem um Deus que lhes subtraia a responsabilidade que lhes cabe por suas escolhas.
     Psicologicamente infantilizadas, utilizam o recurso da religião como bengala.  Não desejam um criador que ofereça o necessário para seu desenvolvimento. Não desejam sair da ilusória zona de conforto. São os que, nos momentos de crise, quando chamados ao testemunho, blasfemam contra o Pai, por se sentirem incomodados sob o guante da dor.
     Uns creditam ao acaso a perfeita harmonia do Universo! Outros fecham os olhos para o mecanismo matemático e lógico que o regula!
     Orgulho e egoísmo impedem o homem de enxergar o dinamismo da Vida, reverenciando respeitosamente o Senhor da Vida.  
     Nesse embate das ideias, vale lembrar um filme rodado em meados de 1960, baseado em fatos, cujo tema foi a teoria de Darwin e a religião. Conhecido como ‘o julgamento do macaco’, explorou de maneira invulgar a liberdade de expressão! No banco dos réus estava o ‘raciocínio’ e não propriamente o trabalho de Darwin – Teoria da Evolução.
     Deixamos ao leitor o convite para que assista ao filme “O Vento será tua herança” –  baseado nesse julgamento, simplesmente fantástico, uma aula de retórica, imperdível.
     Se o cinema explorou magistralmente esse duelo, cabe a nós conceder-lhe o epílogo.
Ainda no século XIX, quando Darwin expunha ao mundo suas experiências que culminaram num legado sobre a evolução das espécies, a espiritualidade superior encaminhava o insigne codificador da doutrina espírita, Hippolyte Léon Denizard Rivail, a Lion, para que   mostrasse ao mundo que não apenas os corpos evoluem e se aperfeiçoam, mas também  e primordialmente o espírito que o vivifica, evolui incessantemente.  Estava alinhavado, assim,  o elo entre  ciência e  religião. Os séculos e os homens - dos dois planos da vida - haveriam de tomar para si a tarefa hercúlea de tornar essa união harmônica e indissolúvel.
     Em  O Livro dos Espíritos², nas primeiras 10 questões referentes à natureza de Deus e provas de Sua existência, Allan Kardec desmistifica o Criador e Sua obra, quando O coloca como a causa incausável de todas as coisas, e que deixa ao homem a
possibilidade de evoluir até alcançar  a perfeição relativa, sem nunca, no entanto, chegar a ser tão perfeito quanto Ele.
     Nesse movimento de busca da perfeição relativa é mesmo desejável que o homem aprenda a pensar, ganhando em lucidez e conhecimento. Orientação expressa no Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, pelo espírito Verdade: Espíritas, amai-vos este é o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo. 
    Diferencial expressivo encontramos na filosofia espírita, que resiste à falsa e decadente ideia de certo e errado,  de pecado e de  salvação,  pois nesse conjunto doutrinário não há espaço para condenação, entendendo-se que nossos atos são apenas experiências que vão secundando esforços de superação daquilo que ainda somos em relação ao que anelamos  ser, com dor ou não. 
     Imprescindível reconhecer que somos seres espirituais passando por uma experiência humana, daí por que não se sustentarem teorias excludentes, materialista e espiritualista. Não há pessoa que se subtraia ao progresso intelectual,  beneficiando-se dos seus recursos. De outra forma, não há recurso material que substitua um abraço, um sorriso, um olhar afetuoso, um gesto de compreensão. Isso patenteia nossa dicotomia, espírito/matéria, um reagindo sobre o outro até que o espírito, mais evoluído, se sobreponha à matéria.
     Aprendemos que tudo se encadeia na natureza, e que o Universo - ou como nos diz a Ciência, os Multiuniversos - é um livro que deve ser lido, compreendido e respeitado, não para brigarmos por comezinhas questões do dia a dia, mas para nos conscientizarmos de nossa origem divina, desenvolvendo potencialidades sublimes que jazem adormecidas em nós.
     Daí por que creditamos à Ciência Acadêmica o nosso mais profundo respeito, pois é uma escada que nos auxilia na verticalização de nós mesmos. À religião, ou ainda, à religiosidade, devemos a pavimentação de  todo esse caminho, facultando ao indivíduo um sentido maior, uma significação para essa nossa trilha, cheia de obstáculos, que por vezes parecem inarredáveis, intransponíveis.
     Procrastinar esse entendimento significa manter-se à parte das mudanças que já estão ocorrendo no planeta, nesse momento de transição.
     Deixemos à Idade das Trevas as trevas que produziram, façamos luz, erijamos um novo milênio, onde reine acima de todas as diferenças o amor.
     Muita Paz!
Rita Mercês Minghin


A FÉ NA VISÃO ESPÍRITA
 

Muito se tem escrito, muito se tem falado, muitos livros surgiram sobre a Fé, e principalmente sobre a “Fé que transporta montanhas”, relatada pelo Evangelho no Novo Testamento, cujo tema realmente é de muita importância, e neste artigo, convidamos o prezado leitor a refletir sobre a Visão Espírita da Fé.
É no Evangelho Segundo o Espiritismo onde se encontra a definição do entendimento sobre o assunto. As Entidades Venerandas ensinam que a verdadeira fé é a Raciocinada, ou seja, aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas vividas pela humanidade, e por isto ela se torna inabalável. Diante disso, caros leitores, não correremos o risco de cair no ridículo, ou de sermos enganados por pretensos salvadores de alma, aqueles que sem qualquer pudor aproveitam da boa fé inerente ao ser humano, principalmente num momento de necessidade e carência afetiva, instigando e induzindo a entrega de “todo seu eu” (particularmente seu dinheiro!), tudo isso em troca de falsas e arbitrárias promessas, existindo apenas um ganho unilateral.
Explica o Espiritismo que Deus, o nosso Generoso e Misericordioso Pai, não faz troca, não faz promessa e, principalmente, não se vende por meios materiais ou espirituais. A Lei Divina é para todos, sem exceções, e dentro desse contexto cada um faz o seu futuro, decide se quer ser feliz ou infeliz, bom ou mau, crer ou não crer. Portanto, para o Espiritismo a já dita “fé que transporta montanhas” é aquela indiscutivelmente moral, espiritual e racional, capaz de “transportar as montanhas” dos nossos problemas, dificuldades, medos e dúvidas, aquela que confirma a cada um a importância dos dizeres do Mestre Jesus: “Vós sois Deuses, façais brilhar a vossa Luz”. Assim sendo, amigos, fica comprovado que a nossa natureza íntima, as nossas vibrações, o nosso perfil psicológico e espiritual, depende de como são os nossos pensamentos e nossas ações.
Vamos refletir sobre isso?
Muita paz a todos.

Antônio Tadeu Minghin



Felicidade





Conceito de felicidade...
Considerando a biografia das grandes almas que passaram pelo planeta, percebe-se a diferença conceitual entre nossas aspirações e o projeto divino que nos é traçado.
Incessantemente, em busca de  prazeres,  temos perdido o foco da nossa reencarnação, a meta maior que é a evolução.
Há para todos, no entanto, o momento de reavaliação de conceitos (crenças, desejos, valores...), isto constitui, quase sempre, processo doloroso e lento.
Dores de crescimento tais como a diluição das ilusões, aceitação e enfrentamento do que somos, aquisição de equilíbrio etc, constituem realidades inegociáveis e imprescindíveis na busca pela luz! 
Certo é também que esse percurso se faz absolutamente sozinho, na intimidade do ser, ou seja, é impossível ascender com esforço alheio.
Palavras duras, mas examinando o panorama que se estende às vistas de todos percebe-se nitidamente que somente no esforço hercúleo é que se logra a conquista superior, a felicidade.
Qualquer outro recurso que não seja o uso do cinzel da boa vontade será meramente um lento e seguro processo de quedas espetaculares.
Importante salientar também que o referido processo divino não é, necessariamente, pavimentado em bases de sofrimento, de angústias e aflições de todos os jaezes. A proposta cristã, como consta em O Evangelho Segundo o Espiritismo, não é para que nos cubramos de cinzas. Antes e ao contrário, Jesus nos conclama a participar de seu banquete.
Parece confuso? Não, não é.
Precisamos apenas aprender a conhecer nossas reais necessidades e não termos medo de atendê-las, seguindo as diretrizes seguras que o Nazareno nos legou.
Todo o Evangelho é um convite à paz, à felicidade, ao trabalho. Necessário se faz entender-lhe a proposta divina, sabedores de que estamos nesse mundo, mas não pertencemos a ele e que estamos fatalmente destinados àquilo que está muito além das estrelas, a plenitude da Vida!
Sejamos felizes!

Muita Paz!
Rita Mercês Minghin